"Engenheiros do Caos"

O livro:
Os engenheiros do caos
Giuliano Da Empoli
Editora vestígio
190 páginas
Esse livro foi sem dúvidas, um dos mais perturbadores e reveladores que eu li esse ano.
O autor mostra como diversos processos eleitorais nos últimos anos, incluindo o do Brasil, fizeram uma guinada a um "populismo extremado", colocando em xeque os modelos democráticos que temos hoje.
Os "engenheiros do caos" mostra como as redes sociais, aliadas a profunda analise de dados com a profusão do "big data", foi meticulosa e deliberadamente utilizada por estrategistas de campanhas para manipular e distorcer a opinião publica.
Mostra também como figuras como Steve Bannon, Arthur Finkelstein, e outros, se utilizam de todo tipo de informação, seja ela falsa ou não, para direcionar a opinião de milhões de pessoas, com o uso das redes sociais, a eleger figuras como Trump, Bolsonaro e outros populistas de direita como o húngaro Victor Orban.
Giuliano da Empoli, o autor do livro, faz uma demonstração de como as mensagens de campanhas, antes destinadas a atingir a "media" da opinião publica por canais tradicionais de mídia , passaram a conseguir entregar mensagens personalizadas em escala nunca vista antes, podendo atingir os valores e crenças individuais de cada pessoa usando a lógica das redes sociais: o engajamento e o tempo conectado na plataforma, ditado por algoritmos decidindo o que você vai, ou não vai, ver no feed, sempre buscando nos manter o maior tempo possível conectado a essas redes.
Algumas frases tiradas do livro:
"...para os engenheiros do caos o populismo é filho do casamento entre a cólera e os algoritmos...."
"...a versão do mundo que cada um de nós vê é literalmente invisível aos olhos de outros. O que afasta cada vez mais a possibilidade de um entendimento coletivo. Segundo a sabedoria popular, para se entender seria necessário "colocar-se no lugar do outro", mas na realidade dos algoritmos essa operação se tornou impossível."
"...se no passado, o jogo politico consistia em divulgar uma mensagem que unificava, hoje se trata de desunir da maneira mais explosiva. Para conquistar uma maioria, não deve mais convergir para o centro, mas adicionar aos extremos."
Recomendo muito a leitura. Trará muitas reflexões sobre nossa democracia, nossa participação no voto e no perigoso uso das redes sociais.
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